Teoria Musical - Página 3

4 – Muito interessante, não? Descobrimos que os sons têm alturas, timbres e volumes diferentes. Eu disse que música é a combinação desses sons. E como podemos combinar os sons? Para responder a essa obsedante pergunta, precisamos destrinchar a própria música. Quais os elementos que compõe uma música? Vimos que são os sons. Mas vamos ver melhor a questão.

Em qualquer manuel de música você vai encontrar esta simpática definição: "a música é dividida em três elementos: melodia, harmonia e ritmo". Bom, para nós, que sabíamos até agora que música é a arte de combinar sons definidos, dizer que a música é feita de Harmonia, Melodia e Ritmo parece grego. Mas não se preocupe. Em alguns instantes saberemos o que significa cada um desses termos.

Vamos usar como exemplo "With a little help from my friends". Ouça-a. Novamente. Podemos distinguir as três partes principais da música, aquelas que falamos acima:

Melodia – voz do Ringo

Harmonia – os acordes de guitarra do John

Ritmo – a bateria do mesmo Ringo e o baixo de Paul

A voz de Ringo canta uma sequência de sons. Um após outro, cada sílaba da letra corresponde a um som. Enquanto isso, os instrumentos acompanham. Acompanhar significa tocar outras notas que combinem com a que está sendo cantada. É o que John, George e Paul estão fazendo. Além disso, a música tem uma pulsação constante. Isso pode ser sentido; é essa pulsação que permite que você acompanhe com palmas. Experimente. Sim, eu sei, sua família vai achar que você não é normal, tudo bem, mas tente. Marque essa pulsação. Acompanhe-a. O que achou? O ritmo da música!

Então, descobrimos que melodia são os sons tocados em sequência, um após outro; harmonia são os sons tocados ao mesmo tempo (são os acordes, os famosos acordes nada mais são que sons tocados ao mesmo tempo) e o ritmo, ou seja a pulsação da música.

Quer outro exemplos?

A – Em Octopus’ Garden, do Abbey Road, o começo da música é uma melodia. Não há harmonia nem ritmo marcado, apenas a melodia.

B – No mesmo disco, ouça o começo de Polythene Pam. A música começa com três acordes, isto é, três harmonias.

C – No Album Branco, disco 1, ouça o começo de Back in to the USSR. A bateria e o piano marcam o ritmo. Um piano marcando ritmo?

Uma pergunta: quando eu falo em ritmo estou obrigatoriamente falando em uma bateria? Não. O ritmo pode ser marcado por qualquer instrumento. No Rock’N’Roll é justamente isso que faz a guitarra-base. Marca o ritmo. Assim como a guitarra, qualquer instrumento pode marcar o ritmo, isto é, indicar a pulsação da música.

Às vezes, um mesmo instrumento marca o ritmo e a faz a harmonia: a guitarra base, por exemplo, marca o ritmo e faz a harmonia. Em um piano é possível marcar o ritmo, tocar a harmonia e uma melodia ao mesmo tempo.

5 – Andamento, velocidade e ritmo

Precisamos deixar claro uma coisa: ritmo não tem nada a ver com velocidade. Quando dizemos que "este ritmo é rápido" estamos falando uma asneira. Os ritmos podem ser tocados em uma velocidade mais rápida ou mais lenta. Por isso, podemos ter um ritmo de valsa mais lento ou mais rápido, um Rock mais lento ou mais rápido. Só que, em música, não chamamos isso de velocidade, mas de andamento.

Muita gente fala em "ritmo de Rock", "ritmo de samba". Isto se refere à diferença na batida, isto é, na pulsação da música. A velocidade desta pulsação NÃO é o ritmo, mas o andamento. Logo,

Ritmo = pulsação da música

Andamento = velocidade

Quer um exemplo? No Abbey Road, lado B, há um medley: Golden Slumbers, Carry That Weight, The End. O ritmo, isto é, a pulsação das três músicas é igual, mas o andamento, isto é, a velocidade, é diferente.

Se o ritmo não tem a ver com a velocidade, como distinguir um ritmo de outro? Simples, pela batida, pela pulsação da música. Toda música oferece uma batida praticamente constante, repetindo-se sempre. Mas você pode reparar que, no decorrer de uma música, umas batidas são fortes e outras são fracas. Para entender melhor isso, ouça o começo da faixa 12 do Sgt. Pepper, justamente a reprise da faixa-título. Repare que a pulsação é contínua, mas algumas batidas são mais fortes e outras mais fracas. É justamente pela alternância dessas batidas, mais fortes ou fracas, que dizemos se um ritmo é Rock, Blues, bolero...

Três exemplos clássicos:

  • Rock costuma ter um batida forte, uma fraca, uma mais forte seguida de uma fraca – e isso se repete por toda a música.
  • A valsa, por outro lado, tem uma batida forte seguida de duas fracas.
  • As marchas costumam ter uma batida forte e uma fraca

 

Mas não quero enganar ninguém: isso não se aprende com teoria. Só ouvindo música e tentando acompanhar o ritmo certo. Não se envergonhe de bater com as mãos, com os pés, na cabeça do seu (sua) irmão (ã), etc. O importante é que você treine.

Procure sentir a batida da música, procure sentir o ritmo. Depois de acompanhar o ritmo com as mãos, tente reparar quais são as batidas fortes e quais são as batidas fracas. Claro que músicas como o "Sgt. Pepper" são mais fáceis, pois a bateria do Ringo deixa bem claro quais são as batidas fortes e fracas. Mas não tem problema, é bom começar com coisas simples.


O que é música - de que é feita a música - qualidades dos sons

Melodia, harmonia, ritmo, andamento, velocidade

Escrita musical - valores

Compassos - partes I e II

Escrevendo

Escalas, tonalidades, conclusão

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